É um assunto delicado. Crianças como a Margarida devem andar na escola????
Com o avançar da idade é cada vez mais complicado conseguir acompanhar os colegas, repare-se que a ranheta tem um atraso geral, motor, cognitivo sendo completamente dependente para executar as tarefas. Não vai cortar com a tesoura, terá a ajuda para rasgar o papel, com as mãos, vai ouvir a história, apesar de no fim não mostrar o que compreendeu, dado a linguagem e comunicação não ser a comum. Não se reconhece as capacidades da garota se não tiverem com a atenção. A educadora antiga já reconhecia a ida à casa de banho, o quando precisava do colinho, o como olhava para as imagens pelo canto do olho, o segurar o objecto que não é com a mesma rapidez que o ser humano comum, é preciso dar-lhe tempo, já conhecia um pouco de Margarida! E é um processo demorado conhecer a Margarida, caso contrário, cai-se no erro de achar que a menina é totalmente incapaz.
Por isso sempre defendi a
continuidade das relações.
Hoje a ranheta está numa nova escola, com novos colegas e professores. Os primeiros meses irão ser de aprendizagem mutúa, é preciso reconhecer isso, mas também é tempo que passa e o tempo vale ouro.
A nova escola é optima, tem montanhas de iniciativas e actividades, quem me dera que a conhecessem para poderem retirar dela o melhor aproveitamento.
O pai não compreende o porquê de ir à escola, e não é fácil explicar, precisamente porque o novo meio ainda não conhece a menina, logo não sabem como agir, AINDA, mas espero que num breve espaço de tempo, o pai chegue a casa mais animado com a escola, visto ser uma novidade para todos, inclusivé para o ele, que é quem a acompanha. Pode não parecer proveitoso, mas o simples facto de sair de casa, ver árvores a abanar, crianças a mexer, leva o cérebro a ocupar-se com outras coisas e deixa menos tempo para as crises. Claro que esta teoria não resulta sempre, há mesmo dias em que o melhor é não sair de casa, pois o estimulo a mais vai fazer asneiras, serão os dias em que ela está a mil por hora, cheia de estereotipias e arranques, ameaçando o que está notoriamente prestes para acontecer. Nesses dias é preciso é musica relaxante e um bom banho para acalmar, seguindo-se uma história e montanhas de mimos.
E para não variar, a assiduidade dela ainda deixa muito a desejar, o sono é o trauma!!!
Dilema vai ser quando tiver que ir para a primária!!
Preciso de arregaçar as mangas e tentar que se crie uma unidade de multideficiência!!!
Esta semana também foi a ida pela primeira vez à junta médica, sendo as principais questões :
_se foi de parto; _ não!! é uma mutação genética.
_se usa as mãos;_ não,
:se pede para comer ou ir à casa de banho;_ Sim, os sons emitidos permitem-nos reconhecer essas habilidades.
_se consegue virar-se;_ sim.
Já está.
No final, gentilmente, uma das médicas foi-me abrir a porta, as portas e perguntou-me se soubesse que a minha filha seria assim, se eu a teria. Claro está que a resposta foi, não saberia não a ter. Obviamente que desejava que ela não sofresse, mas é a Margarida!! É minha!